010 Por Miguel Angelo Vedana

Usinas da Agrenco

A Petrobras quer comprar duas usinas de biodiesel em 2009 e tem muita gente interessada em vender para ela. Mas quanto valeria uma usina de biodiesel pronta? Obviamente cada uma tem seu preço, mas podemos ter uma idéia geral levando em conta as usinas da Agrenco.

Em seu plano de recuperação judicial, a Agrenco contratou uma empresa para avaliar seus complexos industriais, que precificou cada uma das usinas. O complexo de Alto Araguaia (MT) é o mais valioso, sendo avaliado em pouco mais de 175 milhões de reais, seguido pelo de Caarapó (MS), no valor de 93,7 milhões de reais, já que ambos englobam, além da usina de biodiesel, armazéns de soja e farelo, extração e refino de óleo de soja e a co-geração de energia. A unidade de Caarapó possui a metade da capacidade. O complexo de Marialva (PR), que conta apenas com a usina de biodiesel e com refino de óleo, foi avaliado em 23,28 milhões de reais e a BSBios, de Passo Fundo (RS), já fez uma proposta de compra dessa unidade, que foi aceita pela Agrenco.

Para a recuperação judicial, além do valor das indústrias, a empresa levantou todas suas dívidas. Dentro de mais de um bilhão de reais em dívidas estão algumas empresas bem conhecidas do setor de biodiesel. Para a Dedini a empresa deve quase 22 milhões de reais, para a DeSmet do Brasil são 3,35 milhões de reais e para a Westfalia, pouco mais de um milhão de reais. Essas são algumas das empresas que mais torcem para que a Agrenco se recupere rapidamente.


Para onde foi o leilão da Petrobras
Durante o 13º leilão de biodiesel ocorrido no final de fevereiro, o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério das Minas e Energia, além de garantir o B4 para julho e o B5 para janeiro de 2010, informou que seria feito mais um leilão de estoque da Petrobras. Esse leilão teria como objetivo levar o estoque da estatal ao patamar de 100 milhões de litros, que na época se encontrava em cerca de 50 milhões de litros.

Contudo, o leilão não aconteceu até agora e não há nem sinal de que ele ocorrerá tão cedo. O baixo consumo de diesel está fazendo com que as distribuidoras retirem um volume de biodiesel menor do que o contratado. E é a Petrobras, que tem obrigação contratual com as usinas, que está retirando o restante do biodiesel, mas apenas no limite de 90%.

Com isso a Petrobras está aumentando seus estoques. Não é muita coisa, cerca de 7 milhões de litros por mês, mas o suficiente para munir de argumentos os altos funcionários da estatal que não “engolem” o biodiesel.


B4 será pouco
Apesar de tido como certo pelo governo, o B4 ainda não tem uma lei que garanta sua obrigatoriedade no dia 1º de julho. Mas as usinas não estão preocupadas, pois membros do governo já garantiram que até essa data o aumento na mistura ocorrerá. O que as usinas lutam agora é para que o B4 venha antes de julho. E têm bons argumentos para isso.

Além de terem uma enorme capacidade ociosa, comprovada no último leilão da ANP, e de gerarem mais empregos em diversos níveis, as usinas não terão um acréscimo muito grande em sua produção a ponto de significar algum risco de inadimplência.

Em 2008 as usinas produziram cerca de 350 milhões de litros por trimestre desde que o B3 entrou em vigor. No primeiro trimestre de 2009 a expectativa é que essa produção fique em torno de 300 milhões de litros. Com o B4 esse volume atingirá 400 milhões de litros. Ou seja, com B4 as usinas produzirão, por trimestre, apenas 50 milhões de litros a mais do que vinham produzindo no ano passado.


CBear
Lembram da maior usina de biodiesel do mundo que começaria a produzir 600 milhões de litros de biodiesel em fevereiro de 2010 no Paraná? A construção até agora não começou e o que já era difícil ficou impossível. Além disso, a Secretaria da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul do Paraná não teve mais nenhum contato da empresa desde dezembro do ano passado. Pelo jeito, o projeto esfriou bastante.

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